Um estilo de vida mais sustentável está na ordem do dia e a utilização de cosméticos de forma sustentável não é excepção. Sendo os produtos que mais usamos no nosso dia-a-dia (pasta de dentes é um cosmético!) é perfeitamente expectável que os consumidores exijam cada vez mais soluções sustentáveis. Aliado por vezes (mas nem sempre) a isso estão também hábitos de poupança.
Posto isto, deixo algumas dicas de como poupar e, direta ou indiretamente, contribuir para alguma sustentabilidade com cosméticos.
1. Analisa a pele e percebe o que funciona
Conhecer a nossa pele deve ser o ponto de partida para uma utilização de cosméticos mais sustentável e da qual podemos poupar algum dinheiro. É importante perceber qual o nosso tipo de pele mas também as nossas preocupações e o tempo que queremos investir numa rotina de pele. Por exemplo, uma pele seca poderá necessitar de um creme mais rico do que uma pele mista ou oleosa e talvez não valha a pena comprar um produto com uma alta concentração de hidroxiácido (ingredientes com ação exfoliante) quando se tem pele sensível. Por outro lado, poderá não fazer sentido gastar dinheiro em máscaras faciais, tónicos e séruns diferentes quando uma rotina de pele não traz assim tanto prazer. Depende muito de cada pele e de cada pessoa.
2. Faz uma lista de produtos por categorias
Damos por nós por vezes com 2 geles de banho, 3 séruns, 4 cremes…Tudo ainda por abrir e ser usado (contra mim falo!).
Imagina isto: Vês um sérum de vitamina C (antioxidante) em promoção. Compras porque está na wishlist e está a um preço imperdível. Chegas a casa e reparas que ainda tens 2 séruns antioxidantes ou “brightening” na prateleira lá de casa. Se calhar têm todos a mesma função e algum deles vai-se estragar.
Uma maneira de poupares alguns euros é monitorizares os produtos que tens em casa.
- Verifica prazos de validade ou tenta confirmar se os produtos em uso ainda estão dentro do período pós abertura (símbolo do boião aberto com um número em meses)
- Deita fora o que já está estragado/fora de prazo
- Faz uma lista (na notes do telemóvel – simples!) de séruns, cremes hidratantes, creme de corpo, esfoliantes, tónicos…
Isto vai ajudar a gerir melhor o nosso stock, a perceber o que temos para gastar e a pensar duas vezes quando estivermos perante aquela promoção imbatível.
Compreendo que não seja fácil perceber se o sérum a ou b têm a mesma função mas o meu post sobre antioxidantes e retinóides pode ajudar com isso. Na imagem em baixo deixo alguns exemplos.

3. Usa o produto até “bater no fundo” para repor stock
Não te esqueças que pagaste por aquela gota, aquele mL de produto que está no fundo da embalagem.
- Evita ter muitos produtos da mesma categoria abertos ao mesmo tempo – vão-se estragar mais facilmente.
- Corta. Abre. Desmonta. Faz de tudo para aproveitar o produto até ao fim!
- No seguimento do ponto 2, compra apenas quando precisares.
Usar o produto até ao fim e sem abrir outros ao mesmo tempo vai evitar acumulação desnecessária e deitar produtos ao lixo nos quais gastaste dinheiro.
5. Compra nas promoções
Sim, eu sei, parece que me estou a contradizer. Mas não estou! Não te estou a convencer a comprar sempre que há promoção mas sim tentar comprar só quando há promoção.
- Faz uma lista do que precisas e consulta-a na altura das promoções para que não te deixares cair em tentações e comprares outros produtos.
- Foca-te nas promoções maiores. Aproveita a black friday, o mês dos teus anos e ou os saldos a seguir ao Natal.
- Normalmente, as lojas online são as que apresentam preços mais competitivos e melhores promoções.
6. Pede amostras do produto que queres experimentar
Quantas vezes já te aconteceu comprares um produto que te desiludiu? A mim já. Muitas!
Antes de comprar um produto que queres muito experimentar, pedir uma amostra pode ajudar. Há no entanto que relembrar que as amostras não servem tanto para perceber a ação de um produto, a não ser que tenha uma ação imediata, como limpar. As amostras são principalmente úteis para perceber a experiência sensorial que o produto confere, o que, no final de contas, é o que nos faz muitas vezes aceitar ou rejeitar um produto.
Por outro lado, caso o produto não seja o mais adequado para a tua pele da cara, lembra-te que podes sempre aplicá-lo no corpo. Por exemplo, um protetor solar mais gorduroso pode ser útil para aplicar nos braços naqueles dias de verão mais quentes a caminho do trabalho.
7. Opta por cosméticos sólidos
A Lush foi a marca que apostou desde cedo nos cosméticos sólidos com os seus champôs, geles de banho e até exfoliantes em barra. No último ano e meio, com a exigência dos consumidores por um consumo mais sustentável muitas marcas apostaram nos cosméticos sólidos (alguns produtos novos, outros como uma versão alternativa de um produto já existente).
Como exemplo temos os champôs da Ultra Suave, da Foamie e as barras de massagem da Lush.
8. Usa recargas (refill) e acessórios reutilizáveis
Já muitas marcas optaram pela opção de “refill” como a La Roshe Posay. A the Body Shop foi ainda mais à frente e criou estações que se encontram neste momento espalhadas por 7 lojas em Portugal. Uma excelente iniciativa 👏🏻👏🏻!
Por outro lado, os discos de algodão foram trocados por discos reutilizáveis (como os LastRound) e a aposta numa rotina mais sustentável pôs as toalhitas fora do jogo de vez (finalmente!) ao serem substituídas por panos ou luvas de muselina (ex: as luvas da Glov) que, com um bálsamo desmaquilhante, tornam o passo de desmaquilhagem bem mais prazeroso!
E sabiam que também já existem cotonetes reutilizáveis? Quer seja de higiene dos ouvidos como de auxílio na maquilhagem. São facilmente laváveis com água e sabão e aguentam muitas utilizações!

Cosméticos sustentáveis. É possível?
Depois de algumas dicas neste sentido é importante no entanto fazer a questão: é possível a cosmética ser sustentável?
Sustentabilidade na cosmética está longe de ser unânime e clara. Como exemplo disto temos diferentes entidades de certificação e respetivos símbolos com base num estilo de vida (ex: vegan) ou com base na composição do produto (ex: orgânico, natural,…) que facilmente se confundem com uma abordagem sustentável. É importante perceber que natural, orgânico não implica ser sustentável ou sequer “melhor” (seja lá o que isso for).

Para complicar ainda mais, não existe legislação europeia específica neste sentido, com excepção do Regulamento Europeu nº 66/2010, relacionado com certificação ecológica de produtos (cosméticos e outros) e serviços com um baixo impacto ambiental em todo o seu ciclo de vida (desde a sua produção à sua eliminação depois de consumidos). E porquê todo o ciclo de vida? Facilmente tendemos em nos preocupar com a embalagem ou a composição de um produto, o que está longe de ser uma abordagem 100% sustentável. Como exemplo temos os ingredientes naturais, que necessitam de ser cultivados, transportados e processados. Ora, tudo isto implica enormes quantidades de água, solo e combustível, entre outros.
Falando da embalagem. A embalagem é um factor crucial na conservação de um produto cosmético, pelo que o plástico é ainda hoje imbatível nesse aspeto. No final do ciclo, depois do produto acabado/consumido, a embalagem deve ser descartada. É reciclada e/ou reciclável? O território onde vivemos tem recursos para proceder a essa reciclagem, tendo em conta a complexa composição de uma embalagem (sim, nem todo o plástico é reciclável)? Tudo isto conta!
Há que considerar a sustentabilidade num todo! Não é por vir de plantinhas que vai ter menos impacto no ambiente, sendo muitas vezes precisamente o contrário.
Em resumo, a sustentabilidade refere-se ao impacto ambiental de todo o ciclo de vida e não à composição do produto cosmético!
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