Penso que já todos sabemos importância de usar protetor solar diariamente. No entanto, com tantas opções e tanta informação disponível é fácil cair na tentação e não optar pela melhor escolha. E o que significa tanta sigla: UVA, UVB, PA, PPD…?
Este guia serve não só para perceber o que todas as siglas e nomes significam como a escolher o melhor formato, textura e tipo de filtros consoante a nossa pele, propósito e, em último caso, preferência.
O que significa UVB, UVA, SPF, PPD e PA+?
UVB
UVB é a sigla para radiação Ultravioleta B. Com um comprimento de onda entre os 288nm e os 320 nm, é a radiação responsável pelo eritema solar (faz-se a associação com “Burning”) e pela espessura da epiderme. Esta consequência não é mais que um mecanismo de defesa do organismo para evitar a penetração da radiação UV nas camadas mais profundas da pele. É absorvida pela camada de ozono e bloqueada pelo vidro e também a responsável pela produção de Vitamina D no corpo humano, sendo uma radiação com maior presença e força no verão.
A radiação UVB está associada ao cancro cutâneo e a proteção contra a mesma é conferida pelos protetores solares através das siglas sigla SPF (Sun Protection Factor) ou FPS (Factor de Proteção Solar).
UVA
UVA é a sigla para radiação Ultravioleta A, nome que representa a radiação ultravioleta com comprimento de onda entre 320 e 400nm. Devido ao seu alto comprimento de onda, tem um pronunciado efeito a nível dos tecidos subcutâneos e está na origem de um grande número de alterações crónicas degenerativas da pele, ou seja, o fotoenvelhecimento (“Aging”). Isto deve-se principalmente pelos danos que causa nas fibras de colagénio e altera a produção das fibras de elastina. O facto de radiação UVA penetrar facilmente a atmosfera faz com que a sua presença seja independente da estação do ano.
Na União Europeia, a proteção contra UVA deverá ser pelo menos um terço (1/3) da proteção contra UVB. Quer isto dizer que um SPF 30 terá pelo menos uma proteção UVA equivalente a 10. Protetores solares com proteção UVA para além de UVB apresentam o símbolo representado abaixo e a referência “Broad Spectrum” (ou amplo espectro, largo espectro em português).
No Reino Unido e Irlanda, existe um sistema de estrelas a representar a proteção contra UVA e que varia entre 1 e 5 estrelas.

SPF
SPF ou FPS em Português significa Sun Protection Factor (Factor de Proteção Solar) e foi uma medida que surgiu em pela primeira vez em 1974. É usado para medir a fração de UVB que atinge a pele e é feito atualmente in vivo (em pessoas) ainda que métodos in vitro (em laboratório) estejam em desenvolvimento.
O mínimo SPF recomendado para é SPF 15, o que em teoria equivale a filtrar 93% da radiação UVB, enquanto um SPF equivale a filtrar 97% e SPF 50 filtra 98%. Digo “em teoria” uma vez que a maioria dos consumidores não aplica a quantidade suficiente para se atingir a proteção da embalagem.
Na União Europeia, um protetor solar não pode apresentar na embalagem um SPF superior a 50+. Isto recai no simples facto de que com um SPF 90 ou 100 na embalagem, o consumidor facilmente vai assumir estar protegido “a 100%” durante o dia todo, não se preocupando com re-aplicação ou outro tipo de proteção (chapéu, evitar as horas de maior calor).
PPD
PPD significa Persistent Pigment Darkening, o que traduzido é o “escurecimento de pigmento persistente” e mede a proteção de um protector solar contra o bronzeado persistente. No fundo, é uma medida semelhante ao SPF mas para radiação UVA. Mede o tempo que a pele demora a ficar bronzeada, para o qual é feita a comparação entre uma pele com e sem protetor.
O PPD pode variar entre 2 e 16.
PA+
PA significa “Protection Grade for UVA” e é um sistema Japonês que, semelhantemente ao PPD, mede a proteção do protetor solar contra a radiação UVA. Pode variar entre PA+ até PA++++ sendo que PA+ é o equivalente a um PPD de 2 a 4 e PA++++ é o equivalente a um PPD de pelo menos 16. Por ter apenas 4 hipóteses acaba por ser um sistema bastante limitado no que toca a garantir um consumidor informado. No entanto, é muito comum em protetores solares japoneses ou coreanos e também já se encontra facilmente nos protetores solares europeus.

Protetores solares e os tipos de pele
Na escolha do protetor solar é de maior importância perceber o tipo de pele a que o protetor solar se destina. Uma pele seca aprecia texturas mais ricas e untosas, enquanto peles oleosas preferem texturas ligeiras e fluídas. Aqui convém igualmente avaliar se se trata de uma pele sensível, seja sensível aos filtros químicos ou simplesmente reativa e intolerante.
Neste post tenho exemplos mais detalhados de produtos adequados para os diferentes tipos de pele e preocupações.
- Pele mista a oleosa – Texturas ligeiras/light, em gel ou gel creme.
- Pele mista a seca – Texturas ricas em creme, com ingredientes emolientes.
- Pele sensível – 100% físicos podem ser uma opção. No entanto, uma pele sensível poderá recorrer a protetores com filtros químicos e com ingredientes apaziguantes.
- Pele envelhecida ou com manchas – Proteção alta contra UVB e UVA e com ingredientes despigmentastes e antioxidantes
Protetores solares minerais vs. químicos
Minerais, físicos ou inorgânicos
Protetores minerais são protetores solares cujos filtros são substâncias minerais. Estes filtros, devido à sua estrutura físico-química têm o poder maioritariamente de reflectir a radiação UV, ainda que alguma percentagem seja absorvida e convertida em calor.
Actualmente, na União Europeia, apenas existem dois filtros físicos aprovados e regulamentados, os quais protegem contra ambos UVA e UVB.
Filtros:
- Óxido de Zinco (Zinc Oxide) – UVA & UVB
- Dióxido de Titânio (Titanium Dioxide) – UVA & UVB
Químicos ou orgânicos
Já repararam que os filtros QUÍMICOS também são chamados de “orgânicos”. “Ah! Mas o orgânico não é natural?” perguntam vocês. A química orgânica (que saudades…) é a química das moléculas compostas por cadeias de carbono o que *surprise surprise* é precisamente o caso dos filtros químicos.
Bom, adiante…
Filtros químicos são filtros que funcionam por absorção dos raios UV transformado-os em calor. Existem filtros químicos que tanto protegem contra UVA, como UVB ou ambos.
De seguida, encontram-se os filtros solares químicos que são permitidos na União Europeia, estando entre parênteses o nome que é apresentado na lista de ingredientes:
- Avobenzona (Butyl Methoxydibenzoylmethane) – UVA
- Homosalato (Homosalate) – UVB
- Octisalate (Ethylhexyl Salicylate) – UVB
- Octocrileno (Octocrylene) – UVB
- Oxibenzona (Benzophenone-3) – UVB
- Octinoxato (Ethylhexyl Methoxycinnamate) – UVB
- Tinosorb S (Bis Ethylhexyloxyphenol Methoxyphenyl Trizine) – UVA & UVB
- Tinosorb A2B (Triz-Biphenyl Triazine) – UVA & UVB
- Uvinul A Plus (Diethylamino Hydroxybenzoyl Hexyl Benozate) – UVA
- Mexoryl SX (Terephtalydilenedicamphor sulfonic acid) – UVA
Qual o melhor formato e galénica?

Spray
Protetor solar em spray contínuo (aerossol) é uma das formas mais práticas de aplicação na praia, por serem de rápida absorção e não deixarem acabamento branco. Já existem também sprays com acabamento “toque seco“, que são uma óptima opção para as zonas com pêlo (nos homens).
Mais recentemente, têm surgidos sprays (chamados de brumas) para aplicação na face, que são uma óptima opção para a re-aplicação sobre a maquilhagem. Igualmente com toque seco e em formato mais pequeno, são facilmente transportáveis numa mala no dia-a-dia.
Ideal para: Praia. Re-aplicação sobre a maquilhagem.
Exemplos:
Gel
Protetores solares em gel têm uma textura gelificada, de cor transparente e são normalmente acondicionados em embalagem em tubo. Tem a vantagem de não deixar nenhum acabamento visível e inestético, sendo úteis para peles escuras. O facto de ter um efeito “fresco” sem acabamento oleoso, pode ser apetecível para as peles oleosas.
Ideal para: Pele oleosa devido ao seu efeito refrescante e um toque seco que muitos conferem. É também uma alternativa para zonas com muito pelo, nos homens por exemplo.
Exemplo: Heliocare 360º Gel
Pó
Os protetores solares em pó são cada vez mais frequentes, sendo especialmente indicados para a re-aplicação durante o dia por cima da maquilhagem. Posto isto, não é a opção mais prática para a praia até porque são poucos os que têm resistência à água.
Podem ser uma opção interessante para peles oleosas, mas não tanto para peles secas.
Ideal para: Re-aplicação sobre a maquilhagem.
Exemplo: Isdin Fotoprotector Mineral Brush
óleo
O óleo é normalmente visto em protetores solares de corpo. Ajuda a dar um efeito de “sun-kissed glow” e uma aparência adelgaçante, mantendo a proteção necessária. No entanto, tem a desvantagem de extravasar muito facilmente e deixar as embalagens oleosas no seu exterior. Além disso, o acabamento oleoso é pouco prático no dia-a-dia ou numa atividade que não seja praia, onde haja a necessidade de usar mais roupa.
Ideal para: Aplicação na praia ou piscina.
Exemplo: Filorga UV- Bronze Óleo Seco
creme
O mais versátil e comum e o mais prático para o uso diário. Pode ter uma textura mais ou menos fluída, dependo da finalidade e tipo de pele.
Dependendo do tipo de filtros que contém poderá deixar um acabamento branco pouco estético.
Ideal para: Qualquer altura, sendo a opção ideal para o dia-a-dia por ter muitas vezes ingredientes emolientes que ajudam a conferir e manter a hidratação da pele.
Exemplo: Skinceuticals Advanced Brightening UV Defense Sunscreen
sticks ou bálsamos
Tal como o nome indica, são protetores solares em forma sólida, semelhante a um baton. Ideias para aplicação em zonas específicas, como manchas, sinais, contorno ocular ou lábio. Devido ao seu formato de pequena dimensão são facilmente transportáveis sendo perfeitos para viagens. Existem ainda marcas que apresentam uma opção em stick para o contorno ocular, o que eu acho excelente!
Ideal para: Viagens e aplicação em zonas específicas.
Exemplo: Liérac Sunissime contorno de olhos
Cushion
Protetores solares em “cushion” vêm embebidos numa almofadinha que se pressiona com um aplicador. Normalmente são protetores solar com cor, que com leves pancadinhas na pele consegue-se obter a cobertura desejável.
Eu adoro as bases de maquilhagem em “cushion” (muito populares aqui na Ásia) e por isso acho que estes protetores solares no mesmo formato são uma óptima aposta para a re-aplicação sobre a maquilhagem. No entanto, não há bela sem senão e têm a desvantagem de a quantidade a aplicar não ser facilmente perceptível ficando muitas vezes à mercê do consumidor, o que facilmente resulta em menos proteção.
Ideal para: Re-aplicação sobre a maquilhagem ao longo do dia
Exemplo: Heliocare Cushion
Com ou sem cor?
Felizmente, nos dias de hoje, para além de todas as opções acima descritas é possível optar por um protetor solar com cor. A escolha depende, em último caso, da preferência de cada pessoa.
Vantagem: Minimizar o efeito “white cast” dos filtros minerais, conferindo um acabamento mais natural. Como exemplo disso temos o La Roche Posay Mineral. Além disso, sendo muitos já à prova de água, é uma óptima alternativa à maquilhagem para a praia, conferindo uma tez mais uniforme.
Desvantagem: Normalmente pecam por não serem muito inclusivos, havendo normalmente 3 cores disponíveis, o que poderá ser bastante limitativo para tons de pele mais escuros. Além disso, não sendo uma formulação muito fácil, têm frequentemente o problema de não conferir tão natural quanto uma base de maquilhagem.
Exemplos:

Outras características
Atualmente, já existem muitas outras características interessantes que se podem encontrar nos protetores solares e que poderão ser escolhidas em detrimento de outras, dependendo do tipo de pele, finalidade e preferência:
- Resistência à água, suor ou à fricção da areia – Ex: Heliocare 360º Spray fluído
- Ativos que conferem uma ação anti-envelhecimento (antioxidante, despigmentante,…) – Ex: Anessa Skincare Milk (na Yesstyle)
- Peles com alergia ao sol – Ex: Institut Esthederm Intolerance Solaires
- Olhos sensíveis – Ex: La Roche Posay Anthelios Ultra Olhos Sensíveis
- Queratose actínica (um factor precedente de cancro não melanoma) – Eucerin Actinic Control SPF100
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