Muitas pessoas declaram ter pele sensível. É algo que se ouve muito quando se trabalha numa farmácia. A questão que fica é: será a pele sensível ou estará apenas sensibilizada? Os sinais são semelhantes e os cuidados podem ser comuns mas as causas são muitas vezes distintas.
O que fazer e como distinguir? Deixo umas linhas orientadoras.
Os sinais
Penso que o que melhor caracteriza ter uma pele sensível ou sensibilizada é um desconforto geral da pele. Os sinais podem variar, consoante o grau de sensibilidade da pele, o tempo e quantidade de exposição aos factores sensibilizastes, mas de uma maneira geral:
- vermelhidão
- descamação
- picadas
- comichão e ardor
- pele a repuxar
- borbulhas (não confundir com acne)
Como distinguir?
PELE SENSÍVEL
A pele verdadeiramente sensível está relacionada com uma predisposição genética e pode estar associada a patologias cutâneas, nomeadamente rosácea, acne, dermatite atómica ou seborreica e alergias no geral. Caracteriza-se por ser uma pele mais clara (fototipos mais baixos – I a III) e pode ser tanto oleosa, seca ou mista. Pode-se por tanto considerar um tipo de pele para além dos mencionados anteriormente.
De uma maneira simples, a pele sensível apresenta um sistema imunitário mais reativo uma resposta neurosensorial mais elevada e uma barreira cutânea comprometida (muitas vezes é dita como uma pele mais fina). Desta maneira, há um desencadeamento da cascata de inflamação e a pele apresenta-se como mais reactiva e com uma resposta mais rápida e exacerbada aos estímulos externos do que uma pele dita “normal”. Por estímulos externos entenda-se cosméticos, frio, calor, sol (ex: lucite estival benigna), entre outros. De entre os cosméticos, os ingredientes potencialmente irritantes podem ser:
- Álcool (alcohol denat.)
- Hidroxiácidos
- Retinóides
- Fragrâncias
- Corantes
- Conservantes
- Óleos essenciais
PELE SENSIBILIZADA
Por outro lado, mesmo a pele normalmente tolerante/resiliente poderá experienciar alguma vez na vida episódios de pele sensibilizada (normalmente mencionada como irritada). Neste caso pode-se então dizer que é uma condição da pele.
Uma pele normal pode sentir-se sensibilizada quando há um comprometimento da barreira cutânea. Isto pode-se dever, entre outras coisas, a:
- Temperaturas extremas e vento
- Sobre-exfoliação
- Exfoliação em conjunto com exposição solar deliberada
- Uso de produtos tópicos ou medicamentos fotossensibilizantes não acompanhados de uma proteção solar adequada
- Inconsistência da rotina de pele
- Pele desidratada

Em resumo: uma pele sensível tem um causa genética e apesar de haver algum controlo é algo com que tem que viver para a vida. Já uma pele normal mas sensibilizada apenas apresenta os sinais quando há um comprometimento da barreira causado por algo externo (seja ambiental ou mesmo um hábito exagerado). A correção desse comportamento poderá facilmente recuperar a normalidade da pele, não havendo grande necessidade de evitar os agentes potencialmente irritantes como na pele sensível.
O que fazer?
A pele sensível deverá ter uma abordagem dermocosmética de prevenção, ou seja, deverá reduzir o contacto com certos elementos potencialmente irritantes, como o álcool, hidroxiácidos, fragrâncias, corantes.
Uma pele que está apenas sensibilizada poderá ser recuperada quando alguns hábitos como a limpeza, exfoliação e/ou exposição solar são excessivos.
Seja pele geneticamente sensível ou apenas sensibilizada, é importante eliminar ou reduzir o contacto com os agentes/comportamentos sensibilizantes e a usar produtos apaziguantes que ajudem a recuperar barreira hidrolípidica e a reduzir a inflamação, como a alantonína, pantenol, centella asiática, licorice (Glycyrrhiza glabra), ou zinco.
Neste post falo da abordagem dermocosmética em mais detalhe.
Deixe um comentário