Se há ingrediente que é obrigatório numa rotina de prevenção ou correção do envelhecimento da pele é/são os Retinóides. Os Retinóides são derivados/percursores da Vitamina A e dos ingredientes de cosméticos mais estudados e por isso com maior potencial em relação ao anti-envelhecimento. Tenho a certeza que todas vocês já ouviram falar do retinol!
E porquê tanto interesse? Valem ou não mesmo a pena?
O que são e para que servem?
Os Retinóides são uma família de ingredientes relacionados com a Vitamina A (Ácido Retinóico). Nesta família estão incluídos a Tretinoína, Apaleno, Retinol, Retinaldeído, Retinoato de Retinilo, Retinoato de Hidroxipinacolona e outros (ésteres do retinol, menos usados por apresentarem menos eficácia).
Inicialmente, os Retinóides eram usados quase exclusivamente no tratamento de acne, mas mais recentemente têm-se demonstrado eficazes a reverter alguns sinais de envelhecimento cutâneo. As aplicações e benefícios são quase infinitos:
- Aumento da produção e redução da degradação de colagénio
- Regulação do crescimento e diferenciação celular
- Regulação da produção de elastina anormal
- Redução da produção de melanina, atenuando manchas
- Atuação no crescimento de células malignas (podem ser usados nos tratamentos e cancro)
- Redução da inflamação, no acne inflamatório, por exemplo.
- Aumento da produção de moléculas que retêm água, promovendo hidratação da pele
Os resultados vão ser uma fez mais uniforme, firme e com linhas e rugas menos visíveis.
Para quem?
Bem, eu diria para todas as pessoas que se preocupam com o envelhecimento da pele, quer na prevenção, quer na correção. E claro, no acne adulto, acne inflamatório e poros obstruídos.
No que toca à ação anti-envelhecimento, os retinóides ajudam a atenuar linhas e rugas e a dar mais luminosidade à pele. E não, não é preciso esperar pelos 30+ anos para começar a usar produtos com retinóides. O uso de ativos nos cuidados de pele depende somente da pessoa e da pele, dos efeitos desejados e preocupações. A idade pode ser uma referência sim (dificilmente um adolescente sentirá sinais de envelhecimento), mas não deverá ser vista como uma restrição.
Óbvio que não podem esperar ficar como a Cher aos 60 anos se usarem produtos com retinóides. Há que aceitar e reconhecer que o envelhecimento cutâneo continua a acontecer.
Tipos de Retinóides
Tretinoína, Isotretinoína e Adapaleno
Tretinoína e Isotretinoída não são mais do que Ácido Retinóico, ou seja, são os retinóides biologicamente ativos. Já o Adapaleno é uma molécula diferente mas com atividade semelhante ao Ácido Retinóico por se ligar a alguns dos seus receptores. Estas moléculas/ingredientes estão disponíveis apenas em MEDICAMENTOS e por isso é toda uma outra conversa, cuidados, legislação que não é de todo o foco deste blog. É de ressalvar que o potencial irritante é bastante alto e que devem ser aplicados sob vigilância médica APENAS.
Retinol
O Retinol é o mais estudado, o mais conhecido e por isso o mais usado em produtos cosméticos anti-envelhecimento. Há mesmo quem use o termo “Retinols” em vez de retinóides.
Em termos de atuação, o retinol precisa de ser convertido em Retinaldeído e este em Ácido Retinóico, a forma ativa de Vitamina A.
Retinol ➜ Retinaldeído ➜ Ácido Retinóico
Actualmente, conseguem encontrar produtos com concentrações desde 0.1% a 1%. Por ser o ingrediente de eficácia mais reconhecida é sempre uma aposta segura nesse aspeto, ainda que demore algum tempo a demonstrar o seu efeito. No entanto, é também dos mais sensibilizantes e para quem tem pele sensível ou está a iniciar esta jornada poderá ser um problema. Concentrações de 1% estão muitas vezes associadas a uma grande descamação, secura e vermelhidão.
Por ser fotosensível (degradação aquando da exposição solar), recomenda-se a sua aplicação na rotina da noite.
Para quem: Todos os tipos de pele. Com a tecnologia de encapsulação de hoje em dia já existem opções estáveis e menos irritantes. No entanto, peles sensíveis ou “inexperientes” deverão começar pelas concentrações mais baixas e com uma frequência espaçada.
Sugestão de produtos
Retinaldeído (Retinaldehyde) ou Retinal
O Retinaldeído (ou Retinal) está a um passo de conversão do Ácido Retinóico e as concentrações são normalmente mais baixas que o Retinol, variando entre 0.01% a 0.10%.
Retinaldeído ➜ Ácido Retinóico
Alguns estudos indicam que é até 11 vezes mais rápido que o retinol e por isso é expectável ver resultados mais rapidamente. Tem um potencial irritante igual ou superior ao Retinol e poderá não ser a forma mais recomendada para as peles sensíveis ou iniciantes. No entanto, a tecnologia atual já permite que marcas como a Medik8 ou a Sesderma disponibilizem a forma encapsulada com uma libertação prolongada, contornando assim o efeito sensibilizante.
Para quem: Peles envelhecidas e pouco sensíveis ou com tolerância já conhecida ao Retinol.
SUGESTÃO DE PRODUTOS
Retinoato de Retinilo (Retinyl Retinoate)
Os ésteres de ácido retinóico têm surgido nos últimos anos como opções com bastante potencial por serem moléculas semelhantes ao Ácido Retinóico, mas menos irritantes.
O Retinoato de Retinilo (RR) é o retinóide mais recente da família e “junta” Retinol e Ácido Retinóico. Logicamente, o RR quando em contacto com a pele é convertida em Retinol + Ácido Retinóico.
Retinoato de Retinilo (RR) ➜ Retinol + Ácido Retinóico ➜ Ácido Retinóico
Tem-se mostrado mais estável e menos irritante que o Retinol.
Para quem: Todos os tipos de pele, incluindo as mais sensíveis, uma vez que o potencial sensibilizante à partida é mais baixo que o Retinol.
SUGESTÃO DE PRODUTOS
Retinoato de Hidroxipinacolona (Hydroxypinacolone Retinoate)
Outro éster de Ácido Retinóico, o Retinoato de Hidroxipinacolona (Hydroxypinacolone Retinoate – HPR – também conhecido por Granactive Retinoid), apresenta maior eficácia mas também maior tolerância que, por exemplo, o Retinol. Não requer qualquer conversão, conseguindo ligar-se aos receptores do Ácido Retinóico.
Retinoato de Hidroxipinacolona (HPR) ≈ Ácido Retinóico
Para quem: Todos os tipos de pele, incluindo as peles sensíveis que já sentem bastante os sinais de envelhecimento.
SUGESTÃO DE PRODUTOS
Como usar?
Aqui refiro-me apenas aos cosméticos e não à classe de medicamentos, uma vez que aí depende da prescrição e aqui não é espaço para fazer tal sugestão ou recomendação.
Salvo indicação da marca, os produtos que contêm retinóides, nomeadamente em sérum ou óleo, deverão ser aplicados à noite (existem já algumas excepções como o RR), em pele SECA e limpa. Isto é especialmente importante uma vez que a pele húmida potencia uma maior absorção e por isso, maior risco de irritação.
Poderá ainda ser benéfico, para quem está a iniciar a rotina com retinóides ou com produtos que contenham Retinol ou Retina (mais irritantes), aplicar o tratamento entre duas camadas do creme hidratante, ou seja: limpeza ➜ creme hidratante ➜ tratamento com retinóides ➜ creme hidratante.
E, claro, não menos importante (muito pelo contrário), protetor solar. SEMPRE!
Atenção: Os retinóides não são aconselhados a grávidas ou a quem está a tentar engravidar.
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